quarta-feira, 30 de maio de 2007

Brisa de Liberdade

Vento que gela meu corpo
Anuncia a liberdade de não-ser
Encolhe-me pelos meus cantos
Sem manifestos
Sem ter mais o que dizer
A verdade é desse jeito
Nem sabe como é viver.

terça-feira, 29 de maio de 2007

Orgasmo


"A satisfação proporcionada pela obra de arte àquele que a revela é dolorosamente efêmera : relampeja, fugaz, nos momentos de febre inspiradora, quando ele tateia formas novas para exteriorização do seu magma íntimo, do seu mundo interior. Uma tortura crescente, o intervalo de um rapto e um quase arrependimento. Pinta a sua tela , cega-se para ela e passa adiante." - Guimarães Rosa

Guimarães Rosa definiu um orgasmo. Satisfação dolorosamente efêmera, tortura crescente, imensurável prazer contido no intervalo de um rapto.

Boa arte é a que te faz gozar.
Pode ser uma música, um quadro ou um hai-kai... tanto faz. Turbilhões de sensações foram capturadas e estão aprisionadas nesses objetos poéticos... Artistas são caçadores de emoções capazes de provocar orgasmos em quem tem a chave secreta para libertá-las das suas gaiolas.

sábado, 26 de maio de 2007

Espreito


Porta entreaberta
No intervalo da noite
Espio a alma

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Sombras

Nas silhuetas de definidos limites
Em projeções do ímplícito ser
Minha alma clara, se declara
Óbvia, escancarada, nua
Meus olhos não podem ver
Que meu brilho vem de luzes de fora
Que me cegam e me ofuscam a visão
Apaguem essas luzes agora!
Pois quando anoiteço, somente a lua
Desfaz em silêncio essa escuridão

O rei está nu

Olha lá.
Lá vem o Rei
Ele está nu.
O Rei está nu.
Mas ainda é Rei.
O Rei se veste com roupas de Realeza porque é Rei?
Ou a roupa de Realeza só é de Realeza porque é do Rei?

O Rei está nu.
Mas não perde a Realeza.
O Rei é Rei.
Mesmo nu.
O Rei é mais Rei porque está nu.

domingo, 20 de maio de 2007

Lilás


Lilás Buganvilia
Mesmo esquecida num canto
Ainda floresce

Ponteiros

Penso quando eu parti
Assim... sem olhar pra trás
Como um navio que vai ao longe
E já nem se lembra do cais

O tempo faz tudo valer a pena
E nem o erro é desperdício

Aí começo a pensar que nada tem fim...
que nada tem fim...

sábado, 19 de maio de 2007

Competição

Desde criança, sempre evitei o jogo a não ser que ele representasse um passatempo.
Descobrir passagens secretas e montar quebra-cabeças eram desafios e distrações saborosas. Mas ficar atenta ao adversário, atingi-lo com pontaria, ou elaborar estratégias para derrotá-lo nunca me divertiram. Sou péssima jogadora. Se tem algo que me dá aflição é a adrenalina para não sofrer o gol, não levar o tiro, e ainda me preocupar com o inimigo. Até em xadrez e em jogos de cartas, me dá uma certa preguiça pensar no meu jogo e no jogo do outro.
É... eu nunca gostei de competir. E eu sempre precisei escapar disso.
E se não escapasse, até prefiria perder, que nem dói. Só cansa. E como cansa.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

O Ouro dos Tolos

Acho que é assim, como se eu fosse uma serra. Passei o tempo garimpando e não encontrei o ouro porque fiquei com preguiça de escavar a rocha e me deu desânimo ver muitos detritos. E também de vez em quando via piritas pensando que eram ouro... E me encantava e me exibia a mim e aos outros através do brilho de piritas! É fácil encontrar e até acreditar no ouro dos tolos. Só mesmo enxergando os prejuízos para ver que o escavamento da rocha, a descoberta do ouro e a sua lapidação, tudo isso vale a pena.

Preconceito

Conheço muitas pessoas que tem o hábito de ler. Eu mesma, sou uma delas. Lemos muitos livros, mas ainda somos seduzidos, influenciados e afastados pela forma que as palavras chegam até nós.
Para aprender a ler, é preciso saber enxergar além.

Assim também é no dia-a-dia com as pessoas.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Tiradinhas do João

- Mamãe, quero te dar um desenho que eu fiz, olha!
- Que lindo, meu filho, o que é?
- É um labirinto que foi puxado pro esgoto!!!!
- Nossa, que legal, filho...

***

- Mamãe, eu quero ir no passeio da escola
- Ah é, onde é o passeio?
- É um passeio que a Tia Joana vai levar a gente, eu não sei onde é mas tem um nome estranho.

(Planetário)

***

- Você trouxe aquela "verrista"?
- Que revista, João?
- Aquela que eu te mostrei!
- Trouxe não, você não disse que era pra trazer...
- Agora a Tia Joana vai brigar comigo! Já briga quando não tem motivo, agora então...

***

- Toda vez que eu vou sentar no meu lugar preferido, a Tia Joana manda eu mudar de lugar.
- Por que?
- Não sei! Ela deve estar com algum problema!

terça-feira, 15 de maio de 2007

Mentiras

Gostava das pessoas que não faziam questão de parecerem perfeitas, pois sentia que havia nelas o risco de serem verdadeiras. Apreciava o erro e ficava obsevando e rindo das tantas que não erravam. Não admirava, que era para não alimentar suas mentiras. Somente achava graça das suas contradições.

A Teoria das Poltronas


Duas pessoas não ocupam a mesma poltrona ao mesmo tempo. Se alguém sentou no meu lugar, com certeza eu deixei o lugar vago.

Máscaras

Máscaras não atraem pessoas que amam você, e sim que amam a sua máscara. E quando amamos a máscara, não queremos ver o que está por trás dela... Por exemplo, se você perde um amigo por ter sido verdadeiro com ele, foi porque ele já não era seu amigo, e sim amigo da sua máscara.

"Usamos máscaras para sermos amados, mas são exatamente elas que impedem que isso aconteça. " - Gilbert Brenson

segunda-feira, 14 de maio de 2007

A Teoria das Gavetas

Passamos a tarde jogando conversa fora. Conversa fora que dava pra escrever um livro até bem interessante, com teorias simples, porém eficazes. Minha mãe me veio com a teoria das gavetas. É uma maneira de lidar com as surpresas nas relações que eu nunca tinha pensado. Normalmente, quando a máscara de alguém cai, eu brigaria como quem obriga o outro a colocar a máscara de volta. Quando uma decepção dessa acontece com a minha mãe, a reação dela é bem mais suave. Ela abre a gaveta das pessoas especiais, tira a pessoa de lá e coloca na gaveta de pessoas comuns. Foi um engano.

domingo, 13 de maio de 2007

The Secret (O Segredo)

Assisti o filme essa tarde. Achei algumas coisas interessantes, sobre trocar pensamentos negativos por positivos...
Acredito até que isso funcione, não decorrente de um efeito sobrenatural, mas sim devido a mudança de posicionamento perante à vida. As nossas atitudes são reflexos dos nossos pensamentos e, sendo assim, ao pensármos no que realmente queremos, teremos atitudes que chamarão a nossa atenção para as oportunidades certas. Não há milagre. É necessário somente o auto-conhecimento e atenção para enxergar isso.
Me decepcionou o caráter místico-milagroso que o filme passa, colocando os protagonistas do documentário como pessoas poderosas, pois detém "O segredo". Também me incomodou a abordagem capitalista, onde o "ter" sobrepõe o "ser". Parece que aprender a técnica é importante para se obter riqueza e dinheiro e não para tornar sua vida mais leve a agradável.
É uma pena porque a massa vai encarar a lei da atração como técnica "mágica" para obter bens materiais facilmente.
O que me conforta é que talvez essa abordagem seja uma estratégia eficaz de fazer com que as sociedades ocidentais e capitalistas sejam atraídas pelo contexto do filme - que na verdade traz conhecimentos da filosofia oriental como pano de fundo.

sábado, 12 de maio de 2007

Rio...

Descansam entre as rochas, regam as plantas na margem, escorregam pelas cachoeiras e brincam com os peixes. As águas do meu rio seguem por onde tem vontade e se perdem pelos afluentes. Sem pressa pelo mar.

A fome e a comida

Rubem Alves diz que a vida caminha entre duas tristezas: ter fome quando a comida não está à mesa e ter a comida servida quando se está sem apetite.
Que nome você daria para o encontro da fome com a comida?
Rubem chama de alegria, mas eu pensei em prazer.
O prazer é efêmero, finito e dura até que se mate a fome.
Talvez as pessoas se sintam alegres por não saber que um dia a fome ou a comida acabam. E nessa ingenuidade, acabam esquecendo de saborear a vida.

Clementine - The Tangerine

Muitos caras acham que eu sou um conceito e que eu os completo, ou que eu vou dar vida à eles.
Mas eu sou só um garota ferrada procurando pela minha paz de espírito.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

O cavalo preto...

Existe um ser que mora dentro de mim como se fosse casa dele, e é.

Trata-se de um cavalo preto e lustroso que apesar de inteiramente selvagem - pois nunca morou antes em ninguém nem jamais lhe puseram rédeas nem sela - apesar de inteiramente selvagem tem por isso mesmo uma doçura primeira de quem não tem medo: come às vezes na minha mão.

Seu focinho é úmido e fresco. Eu beijo o seu focinho.

Quando eu morrer, o cavalo preto ficará sem casa e vai sofrer muito. A menos que ele escolha outra casa e que esta outra casa não tenha medo daquilo que é ao mesmo tempo selvagem e suave.

Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres

Ainda ciclos...

Os ciclos são assim, repetem sempre o mesmo padrão.

Só percebo que não percorro o mesmo ciclo várias vezes se estou atenta e aprendo com as mudanças que neles me ocorrem.

Coragem e Covardia


A diferença entre o corajoso e o covarde, é a maneira que enxergam o medo. O corajoso tem a certeza de que não é o medo que torna um sonho impossível. Já o covarde não quer ter essa certeza.

Animal Libertado

Agora lúcida e calma, Lóri lembrou-se de que lera que os movimentos histéricos de um animal preso tinham como intenção libertar, por meio de um desses movimentos, a coisa ignorada que o estava prendendo - a ignorância do movimento único , exato e libertador era o que tornava um animal histérico: ele apelava para o descontrole - durante o sábio descontrole de Lóri ela tivera para si mesma agora as vantagens libertadoras vindas de sua vida mais primitiva e animal: apelara histericamente para tantos sentimentos contraditórios e violentos que o sentimento libertador terminara desprendendo-a da rede, na sua ignorância animal ela não sabia sequer como, estava cansada do esforço de animal libertado.

Clarice Lispector - Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres

domingo, 6 de maio de 2007

Os dois lados da janela

Nunca fui muito boa em separar a vida real, das maquinações
que surgem na minha cabeça.
Nem sei qual é o mundo real?
É o da cabeça?
Eu sempre fui uma perturbação desses dois estados
Esquizofrenia? Genialidade?
Às vezes sou obrigada a ver só o que é real, esquecer as fantasias.
Sair da minha mente
Às vezes saio
Às vezes minto que saí.
E esse mundo é meu, não gosto de dividi-lo, daí nunca querer publicar nada.
Não quero medíocres entrando no meu reino.
Quero esse meu lugar estranho, protegido
A sagrada desordem da minha alma é minha.
Eu a aceito, e a respeito
E tenho que defende-la
Esse mundo dado a todos.
Não quero.
É pequeno e bobo.

Sol indesejado

Este sol que brilha pela minha janela, ilude-me dos meus sentimentos.
Engana-me maliciosamente, como um balde de tinta cobre as fendas de uma parede velha. Mesmo a própria parede encontra dificuldade em se revelar a ela própria.
Assim me sinto eu com o sol...astro maldito e sedutor, cria miragens em tudo que ilumina. És belo, és acolhedor, mas mentes com quantos raios tens.
Se te pudesse amar... talvez entendesse a tua felicidade, mas a minha alma não tolera mais ilusões, além das que eu já vivo.
Aguardo... de persianas fechadas pelo esplendoroso escurecer e pela palpitante chegada da minha doce e fiel lua...

sexta-feira, 4 de maio de 2007

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Ciclo

Vida me navega
No mar de ilusões
Naufragando os meus sonhos

Segue sem rumo
Enquanto a tempestade
Lavar minha alma

Vida...

Navega serena
Entre as esquadras dos sonhos
Que cruzam seu caminho

Torna em chuva fina
Essa tempestade
Que tira teu rumo

Pois...

Quando surge o sol
Ilumino idéias
Seco a mágoa devagar...