quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O Pulsar de Maria

Eram 4:35 da manhã quando Maria nasceu. O chuva fina pela janela e o choro baixo, quase manhoso. Sua mãe a tomou em um abraço morno e úmido. O cordão ainda pulsava. Sempre tinha essa lembrança quando espiava Maria, já crescida, nas suas tentativas de andar no sentido contrário do tempo. Maria sorvia todos os livros que via pela frente, na certeza de que jamais conseguiria manter viva, pulsante em sua memória todas as informações que pudesse receber.Conhecimento é a informação que descansa dentro de mim. Será que Maria sabia disso? Será que ela não tinha idéia do quanto já sabia e por isso não se cansava de buscar por mais?Certo dia, ao chegar do trabalho, Maria me veio com a notícia: iria trabalhar longe, escreveria livros e ensinaria às pessoas. Seu olhar era pungente, atravessava-me por inteiro. Em pouco tempo soube de pessoas que a ouviram falar, sobre o quanto tinham mudado suas formas de pensar. Maria era multiplicadora de si mesma.Hoje, quando penso em Maria, sem mais poder espiá-la, penso no seu cordão pulsando. Pulsando como ela pulsava. Penso no quanto ela movimentava a minha vida. Maria é a minha imaginação. Uma imaginação que não nasce com hora marcada.