domingo, 26 de agosto de 2007

Da série: Jardim de Infância

"- João, quem te deu esse brinquedo?
- Foi a minha mãe, sabe, a gente foi na loja e tinha essa massinha que tem essas formas de letras, de números, de peixinhos, de estrelinhas, e a tia da loja embrulhou de presente e colocou esse pirulito pra mim, mas no mundo da criança diz que pirulito tem muito doce, que tem que escovar o dente beeeem direitinho, senão... o bichinho vai lá e come o doce e faz o dente doer, e aí eu vou ter que ir na bruxa fátima, que colocou aquele motorzinho que dói muito, eu até chorei, nunca mais volto nela, né, e a minha mãe falou pra mim que se eu não comer esse pirulito, quem vai comer é ela."

Da série: Papo de Bar


...A paixão é míope, o amor é cego, e o namoro é um par de óculos...

hahaha...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Arte


A solidão pede a arte e o olhar da obra-prima. É o reflexo da essência, é o entendimento velado. É o palpável da existência. É companhia e o cúmplice.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Desafinada


O senhor... Mira veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas -- mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior.


Guimarães Rosa, Grande Sertão, Veredas

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Surto


Foge de casa.
Teu lugar no mundo não é debaixo da minha asa.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Desatenta








Fez trato com ela mesma,
e prometeu prestar-se atenção.

Até paranóica parecia,
tudo que fazia observava,
fingindo que não sabia
que nada disso adiantava,
que o olhar mudava tudo,
o plano todo estragava.

E então trapaceava
no seu jogo se divertia
fazendo tudo ao contrário
do que normalmente faria
se estivesse distraída.

Até que um som, um vento, um pássaro
ou uma saudade recaída
a abandonassem perdida
dispersa enfim esquecida
totalmente aninhada
nos infinitos nós que dava
a previsibilidade íntima
da vontade desinibida