Sagrado
Ele era daqueles que tomavam sorvete e, sem perceber a boca lambuzada, continuavam conversando sem se incomodar. E ela não, não deixava nem rastro. Tomava o sorvete, que pingava no colo, no tapete, escorria por entre os dedos, e ela lambia os dedos, esticava a língua enxugando em torno da boca, quase na ponta do nariz. E quando acabava, danava a lamber os lábios dele. Casavam certinho. Quase um pacto, um acordo tácito. A hora do sorvete era sagrada.
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